quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Pseudo-individualidade - trecho de "TEORIA CRÍTICA DA INDÚSTRIA CULTURAL"/Rodrigo Duarte

"Na sexta seção, 'O indivíduo confiscado, propaganda', a despotencialização do trágico é retomada a partir da noção de 'pseudo-individualidade', i.e., a ideologia da privacidade como um pretexto para encobrir o fato de que os indivíduos já não têm, e si mesmos, qualquer poder de decisão, mesmo sobre o mais íntimo de suas vidas particulares. Com isso, o principal requisito tragédia - um elemento individual que se mede com as potências universais - fica totalmente eliminado: 'É só porque os indivíduos não são mais indivíduos, mas meras encruzilhadas das tendências do universal, que é possível reintegrá-los totalmente na universalidade.' (DA, 178) O público, já previamente anestesiado em virtude de tantos solavancos no mundo do trabalho e do bombardeio de imagens e sons da indústria cultural, 'agradece' a ela a possibilidade de evitar o esforço de individuação, i.e., de cada pessoa se lançar ao exercício muitas vezes doloroso - mas sempre compensador - de se compreender como uma instância de decisão sobre sua própria vida, influenciando, dessa forma, a configuração da totalidade social:

Nos rostos dos heróis do cinema ou das pessoas privadas, confeccionados segundo o modelo das capas de revistas, dissipa-se uma aparência na qual, de resto, ninguém mais acredita, e o amor por esses modelos de heróis nutre-se da secreta satisfação de estar afinal dispensado de esforço da individuação pelo esforço(mais penoso, é verdade) da imitação (DA, 179)"


1º § DA PÁGINA 65 DE

Teoria crítica da indústria cultural

Por RODRIGO DUARTE

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